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grafologia

Grafologia é o estudo da escrita manual, especialmente quando empregado como método para análise da personalidade. Os verdadeiros peritos em escrita manual são conhecidos como grafotécnicos, ou periciadores de documentos, não como grafólogos.. Os periciadores de documentos levam em conta os laços, pingos nos "i" e cortes nos "t", espacejamentos das letras, inclinações, alturas, arremates, etc. Examinam a caligrafia para determinar autenticidade ou falsificação.

Os grafólogos examinam laços, pingos nos "i" e cortes nos "t", espacejamentos das letras, inclinações, alturas, arremates, etc., mas acreditam que essas minúcias da escrita sejam manifestações de processos mentais inconscientes. Acreditam que tais detalhes possam revelar tanto sobre uma pessoa como a astrologia, a quiromancia, a psicometria, ou o indicador Myers-Briggs de tipos de personalidade. No entanto, não há nenhuma prova de que a mente inconsciente seja um reservatório que guarda a verdade sobre uma pessoa, muito menos de que a grafologia ofereça um portal para esse reservatório.

Afirma-se que a grafologia serve para tudo, desde entender questões de saúde, moral e experiências passadas a talentos ocultos e problemas mentais. * Porém, "em estudos adequadamente controlados e cegos, em que as amostras de caligrafia não contêm nada que possa fornecer informações não grafológicas nas quais se possa basear uma predição (por exemplo, um trecho copiado de uma revista), os grafólogos não se saem melhor que o acaso na predição... de traços de personalidade...." ["The Use of Graphology as a Tool for Employee Hiring and Evaluation [Uso da Grafologia Como Ferramenta Para a Contratação e Avaliação de Empregados]," da Associação das Liberdades Civis de British Columbia] E mesmo os que não são experts são capazes de identificar o sexo da pessoa que escreveu em cerca de 70% das vezes (Furnham, 204).

Os métodos usados pelos grafólogos variam. * Mesmo assim, as técnicas desses "peritos" parecem se resumir a itens como a pressão exercida sobre a página, espacejamento de palavras e letras, cortes nos "t", pingos nos "i", tamanho, inclinação, velocidade e regularidade da escrita. Embora os grafólogos neguem, o conteúdo da escrita é um dos fatores mais importantes na avaliação grafológica da personalidade. O conteúdo de uma mensagem, naturalmente, independe da caligrafia e deveria ser irrelevante na avaliação.

Barry Beyerstein (1996) considera as idéias dos grafólogos nada mais que magia simpática. Por exemplo, a idéia de que deixar espaços em branco entre as letras indica tendência ao isolamento e solidão porque os grandes espaços indicam alguém que não se relaciona facilmente e que não se sente confortável com a proximidade. Um desses grafólogos afirma que uma pessoa revela sua natureza sádica se cortar os 't' com linhas que se assemelham a chicotes.

Como não há nenhuma teoria útil de como a grafologia poderia funcionar, não é surpresa o fato de não existirem indícios científicos de que nenhuma característica grafológica tenha correlação significativa com qualquer traço de personalidade interessante.

Adrian Furnham escreve

Os leitores familiarizados com as técnicas da leitura a frio serão capazes de entender por que a grafologia parece funcionar e por que tantas pessoas (inteligentes em outras circunstâncias) acreditam nela. [p. 204]

Acrescente-se à leitura a frio o Efeito Forer ou Barnum, a predisposição para a confirmação, e o reforço comunitário, e temos uma explicação bastante completa para a popularidade da grafologia.

A grafologia é mais uma ilusão daqueles que querem um método rápido e rasteiro de tomar decisões para lhes dizer com quem se casar, quem cometeu o crime, a quem contratar, que carreira seguir, onde achar boa caça, onde encontrar água, petróleo ou o tesouro escondido, etc. É mais um elemento na longa lista de substitutos enganosos para o trabalho duro. É atraente para os que se impacientam com questões problemáticas como a pesquisa, análise de indícios, raciocínio, lógica e teste de hipóteses. Se você quer resultados, e os quer imediatamente e expressos em termos fortes e determinados, a grafologia serve. Se, no entanto, você puder conviver com probabilidades razoáveis e incertezas, pode tentar outro método para escolher uma esposa ou contratar um empregado.

Se, por outro lado, você não se importar em discriminar pessoas com base em bobagens pseudocientíficas, pelo menos tenha a coerência de usar um tabuleiro Ouija para ajudá-lo a escolher o grafólogo certo.

Veja verbetes relacionados sobre cristais, quiromancia, o polígrafo e o teste de Rorschach.


leitura adicional

Basil, Robert. "Graphology and Personality: Let the Buyer Beware," em The Hundredth Monkey and Other Paradigms of the Paranormal, ed. Kendrick Frazier (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1991), pp. 206-208.

Beyerstein, Barry. "Graphology," em The Encyclopedia of the Paranormal, editada por Gordon Stein (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1996), pp. 309-324.

Beyerstein, Barry and Dayle F. Beyerstein, editores, The Write Stuff - Evaluations of Graphology, the Study of Handwriting Analysis (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1991).

Furnham, Adrian. "Write and Wrong: The Validity of Graphological Analysis," em The Hundredth Monkey and Other Paradigms of the Paranormal,ed. Kendrick Frazier (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1991), pp. 200-205.

Gardner, Martin. Fads and Fallacies in the Name of Science (New York: Dover Publications, Inc., 1957), cap. 24.

©copyright 2002
Robert Todd Carroll

traduzido por
Ronaldo Cordeiro

Última atualização: 2002-03-18

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