James Van Praagh

James Van Praagh é um auto-proclamado medium. Afirma que foi um dom que recebeu e que lhe permite ouvir mensagens de qualquer um, desde que esteja morto. Michael Shermer da revista Skeptic chama a Van Praagh "o génio da leitura fria no mundo psiquico." O sociologo e estudioso de anomalias, Marcello Truzzi da Eastern Michigan University, é menos caridoso. Truzzi tem estudado personagens como Van Praagh há mais de 35 anos e descreve as suas demonstrações como "nada impressionantes." ("A Spirited Debate," Drew Sefton, Knight Ridder News Service, The San Diego Union-Tribune, July 10, 1998, p. E1.)

De acordo com Van Praagh, todos os biliões e biliões e biliões de mortos esperam apenas que alguem lhes forneça p seu nome. É tudo. Dê a Van Praagh o nome e o defunto contacta-o por palavras, frases ou sensações de aparição. Ele foi ao Larry King Live, onde afirmou que "sentia" os falecidos pais de Larry. Apontou o ponto do estudio de onde vinham as "sensações". Recebeu telefonemas ao vivo, davam-lhe um nome, e começava a dizer à audiência o que "ouvia" ou "sentia". Pescava por feedback e obtinha-o, indicando que tinha mesmo sido contactado por espiritos que queriam dizer aos que tinham ficado neste vale de lágrimas que os amavam, que estar morto era bom, e que os perdoavam de tudo.

Em Why People Believe Weird Things Shermer descreve o sucesso de Van Praagh e como arrebata audiências no talk show da NBC The Other Side. Shermer tambem conta como denunciou Van Praagh em Unsolved Mysteries. Contudo, ninguem da audiência simpatizava com Shermer. Uma mulher disse-lhe mesmo que o seu comportamento não era "apropriado" pois estava a destruir as esperanças das pessoas num momento de dor.

Outro devotado a Van Praagh é Charles Grodin. A prestação de Van Praagh no show de Grodin foi muito menos que celestial, mas suficiente para satisfazer Grodin e pelo menos um casal da audiência que acreditou que a falecida filha estava a falar com Van Praagh. O unico cepticismo mostrado por Grodin foi perguntar-se se Van Praagh não estaria realmente a ler as mentes da audiência e dos que telefonavam. em vez de receber as mensagens "do outro lado". A unica pessoa que duvidou da autenticidade dos contactos de Van Praagh foi uma mulher que perdeu a filha no atentado de Oklahoma City. Ela afirmou que nada do que Van Praagh tinha a ver com a filha excepto algumas generalidades. A mulher tambem afirmou que a filha comunicava directamente com ela. Posso compreender e simpatizar com a crença da mulher de que a filha fala com ela, mas não tenho simpatia para com Van Praagh. Ele joga um jogo de perguntas com a audiência. Ele ana à pesca de respostas, lançando o isco com sucessivas perguntas até alguem morder. Então apanha o peixe. Por vezes falha mas o peixe não foge. Torna a lançar novo isco e o peixe volta a morder. O peixe adora este jogo.

Quando não consegue que mordam, ele lembra à assistência que por vezes a mensagem é fragmentada, ele não a compreende, ele a interpreta mal, etc. Se está errado não o culpem a ele. Van Praagh pareceu-me particularmente inapto no show de Grodin. Talvez porque estivesse à procura do truque e já o considerasse um charlatão. Mesmo assim, sou capaz de apreciar um bom artista e ele não estava numa grande noite. Usou os iscos do costume: questões sobre filhas e avós, mudanças na casa, sentimentos não resolvidos. As mensagens que recebeu eram as do costume: anjos, cancro, coração. O que o salva na maior parte do tempo são questões ambiguas que terminam com "estou certo?" e a que o cliente responde "sim", sem ter uma ideia exacta do que o "sim" está a responder.

Mais patético que Van Praagh, foi Grodin, que practicamente lhe pediu a benção e agradeceu o seu magnifico trabalho. Não sei o que o trabalho dele tem de magnifico. Apesar disso, fiquei a pensar porque não há mais cepticismo. Se esta é a resposta a uma má noite de Van Praagh, não admira que seja tão popular. Grodin gostou tanto que o tornou a convidar. James Randi devia intervir via satélite durante o espectáculo, mas Grodin aparentemente não queria sombra de cepticismo lançada sobre a sua esperança de comunicar com a sua falecida mãe. Marcello Truzzi diz que o mais que se tira de Van Praagh é "paleio", mas bom paleio visto que "o que as pessoas querem é conforto, perdão. E é o que recebem: os seus pais amam-no; perdoam-lhe; esperam por o ver; não é culpa sua se estão mortos."  

Van Praagh tem um livro com um titulo "daqueles": Talking to Heaven. (Talking to God e Talking to Angels já estavam ocupados.) E tem um fan que o adora e que colocou um site WWW para nos informar dos seus livros, cassetes, produtos e sessões. (Van Pragh tem o seu, claro) Faço a predição de que o sucesso de Van Praagh vai continuar, desde que não diga a ninguem como a Larry King na televisão, que os seus pais lhe perdoam terem sido por ele torturados enquanto vivos.

Bibliografia

Shermer, Michael. Why People Believe Weird Things : Pseudoscience, Superstition, and Other Confusions of Our Time (WH Freeman & Co.: 1997).

recuarhome