Robert Todd Carroll
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pedras de Ica
As pedras de Ica são uma coleção de pedras alegadamente descobertas em uma caverna próxima de Ica, no Peru, por volta de 1966. As pedras são de andesita e suas superfícies oxidadas foram gravadas com imagens que ilustram coisas que colocam em questão quase tudo o que a ciência já nos ensinou sobre a origem do nosso planeta, sobre nós mesmos e sobre outras espécies. Por exemplo, algumas das pedras mostram homens (que parecem antigos Incas ou Astecas) atacando grandes monstros estilizados, usando machados. Afirma-se que os monstros são dinossauros. (Uma companhia cinematográfica chega ao ponto de afirmar que os monstros nas pedras são "ilustrações realísticas de Estegossauros, Tiranossauros Rex e Pterodáctilos.") A caverna onde se afirma que as pedras foram descobertas jamais foi identificada, muito menos examinada por cientistas. Os céticos consideram as pedras uma fraude patética, criada para o mercado de turistas crédulos. Apesar disso, três grupos em particular têm se empenhado em defender a autenticidade das pedras: (a) aqueles que acreditam que os extraterrestres são uma parte importante na "verdadeira" história da Terra, como os Von Dänikenitas, Whitley Strieberitas, os Sitchinitas e os L. Ron Hubbarditas; (b) Criacionistas fundamentalistas que exultam só em pensar em qualquer erro cometido pelos antropólogos, arqueólogos, biólogos evolucionários, etc.; e (c) os Velikovskitas que afirmam que mitos antigos são registros históricos precisos, que devem ser entendidos literalmente. A febre das pedras de Ica começou em 1996 com um médico peruano que alegadamente abandonou a carreira em medicina em Lima para abrir o Museo de Piedras Grabadas, em Ica, onde ele poderia exibir sua coleção de aproximadamente 11.000 pedras. (Desde então ele acrescentou mais alguns milhares de pedras à coleção.) O dr. Javier Cabrera Darquea afirma que um fazendeiro encontrou as pedras em uma caverna. O fazendeiro foi preso por vender as pedras aos turistas. Ele disse à polícia que ele não as encontrou realmente em uma caverna, mas que ele próprio as fez. Outros "artistas" modernos de Ica, entretanto, continuam a esculpir pedras e vender falsificações das alegadas falsificações do fazendeiro. O museu do dr. Cabrera é listado como ponto turístico pela Câmara Nacional Peruana de Turismo, embora a autenticidade das pedras seja deixada em aberto. Diz-se que o museu possui uma
A autoridade do Dr. Cabrera no assunto das pedras, parece ter-se originado em sua declaração de que uma pedra em particular (mostrada acima) ilustra um peixe extinto. A ilustração é estilizada, assim como a maioria dos desenhos de antigas culturas peruanas. Temos que admitir que o conhecimento de peixes extintos é raro entre médicos, mesmo aqueles que estudaram biologia. Aqueles que se impressionam com este conhecimento de peixes antigos, não parecem estar interessados em exatamente qual peixe se supõe que seja, quando ele foi extinto, ou quais seriam as marcas indicativas que permitiriam esta identificação. Os Extraterrestrialistas e os Criacionistas argumentam que esta ilustração de um peixe extinto prova, ou que os índios que fizeram as pedras foram informados por alienígenas sobre peixes extintos (porque eles não poderiam ter possivelmente encontrado nenhum fóssil e copiado estes fósseis), ou que a linha de tempo que coloca a extinção de animais como este peixe há milhões de anos no passado está claramente errada. Os índios viveram dentro do intervalo de um milênio ou dois no passado, logo as extinções devem ter sido ser recentes. Mito-historiadores argumentam que, desde que as pedras ilustram homens atacando monstros, os monstros devem ter realmente existido e os homens devem realmente tê-los atacado. Assim, ou os humanos existiram durante o período Jurássico, ou os dinossauros existiram até bem recentemente. Todos os grupos acima argumentam que os evolucionistas estão errados. Além disso, o fato de que eles não admitam que estejam errados prova que há uma conspiração entre os cientistas para esconder a verdade do público, para nos iludir com a crença em coisas que são inconsistentes com a noção de que Deus criou todas as espécies há poucos milhares de anos atrás, e que todos somos descendentes de alienígenas. (Nota: estes são os mesmos cientistas que esconderam de nós a verdade sobre a veracidade dos monstros ilustrados em histórias, vasos e templos na Grécia antiga, na Índia, etc. Eles também esconderam de nós a verdade sobre os antigos Egípcios construindo pirâmides como torres de rádio. Há muitas outras coisas que esses cientistas malvados esconderam de nós, como que em 75.000.000 A.C. Xenu ordenou um ataque nuclear ao nosso planeta.) Cabrera tem sua própria teoria sobre os criadores das pedras. Primeiro, sua teoria se baseia na premissa de que as pedras não são uma fraude. Isto é compreensível, desde que, se as pedras forem uma fraude, Cabrera é um dos principais fraudadores. Você poderia se perguntar por que os cientistas simplesmente não datam as pedras. Pedras sem matéria orgânica aprisionada nelas somente podem ser datadas pelo estrato no qual elas foram encontradas. O estrato pode ser datado através da datação do matéria orgãnica contida nele. Desde que as pedras de Cabrera vieram de alguma caverna misteriosa, que jamais foi identificada, muito menos escavada, não há nenhuma maneira de datá-las. A teoria de Cabrera é de que elas ilustram a primeira cultura peruana como uma civilização extremamente avançada tecnologicamente. Quão avançada? As pedras alegadamente ilustram cirurgias de coração aberto, transplantes de cérebro, telescópios, máquinas voadoras, etc. Quando elas teriam existido? Eles vieram das Plêiades há aproximadamente um milhão de anos atrás.* Por $30 você pode pedir uma cópia do livro de Cabrera, The Message of the Engraved Stones of Ica diretamente para o autor. O fato de que mais ninguém jamais tenha descoberto nenhum outro resquício desta grande cultura pode entretanto ser incômodo. Uma sociedade tão esplêndida deveria ter deixado pelo menos algum lixo ou algumas ruínas, talvez um ou dois ossos, um túmulo aqui ou ali, ou um templo, um hospital, um observatório, um aeroporto. Mas esta grande civilização, diferentemente de qualquer outra civilização do passado (exceto Atlântida, é claro!) desapareceu sem deixar nenhuma pista, exceto as pedras de Cabrera. Naturalmente, existem as linhas de Nazca. Infelizmente, os criadores das figuras de Nazca não desenharam nenhum índio atacando dinossauros ou fazendo transplantes de cérebro, algo que poderia ter ligado as pedras de Ica às linhas de Nazca neste excitante novo campo da "ciência alternativa". Existe, é claro, uma explicação para a "limpeza" deste grande povo. Eles foram capazes de existir por um tempo longo o bastante para caçar dinossauros e construir naves espaciais (quando não estavam fazendo transplantes de cérebro) e ainda assim não deixaram nada para trás além de uma caverna cheia de riscos artísticos em pedras porque eles não eram deste planeta. Eles partiram (e presumivelmente levaram tudo com eles), deixando para trás apenas as pedras como um quebra-cabeças para as gerações futuras de humanos estúpidos resolverem. Talvez eles tenham seguido para Nazca ou para Lubaantun para criar mais quebra-cabeças. Ou as pedras podem ser um novo teste de fé aplicado à humanidade pelo Deus da Bíblia. Ou talvez eles sejam apenas uma fraude. A prova de que as pedras não são uma fraude, diz o dr. Cabrera, é o seu número. Há pedras demais para que um único fazendeiro, ou mesmo uma coletividade de fraudadores, as tenham riscado. Ele afirma que o povo local tenha desenterrado cerca de 50.000 pedras, e que eles lhe mostraram um "túnel" onde há outras 100.000. Entretanto, até agora nenhuma expedição científica, ou mesmo uma equipe de cinema liderada por Charleton Heston do espetáculo "Misteriosas Origens do Homem" partiu para explorar este túnel. Além disso, diz Cabrera, que aparentemente se fantasia como um perito em pedras vulcânicas, assim como em peixes extintos, a andesita é dura demais para ser bem esculpida por meros mortais usando ferramentas de pedra. Verdade, mas as pedras não são esculpidas. Elas foram entalhadas, ou seja, uma camada superficial de oxidação foi raspada. O dr. Cabrera assume que os criadores das pedras tinham apenas essas ferramentas à disposição. As culturas Inca, Maia e Asteca tinham todas uma metalurgia avançada na época em que os espanhóis chegaram. Cabrera e o povo local de Ica certamente tinham mais do que ferramentas de pedra à disposição. As pedras são autênticas? Se por autêntica se quer dizer que elas foram entalhadas por pré-colombianos, então a resposta tem que ser um desqualificado "nem todas elas". Afirma-se que algumas pedras entalhadas foram trazidas de volta à Espanha no século XVI. É possível que algumas das pedras sejam realmente exemplos de arte pré-colombiana. Entretanto, é sabido que algumas dessas pedras são falsificações. Turistas, não apenas no Peru, como em qualquer lugar na terra onde há antiguidades, têm sido tapeados por falsificações. Artesãos vigaristas locais têm consciência do mercado de antiguidades "proibidas". (Eu mesmo sou um orgulhoso possuidor de um fragmento vendido a mim no Arizona por um jovem índio como um autêntico pedaço "ilegal" de cerâmica Anasazi. Um colega tem algumas belas falsificações do Egito feitas de forma a parecer velhas banhando-as em óleo de motor e aplicando maçarico.) Os pré-colombianos certamente eram fascinados por monstros, assim como o eram as antigas culturas européias, mas será que as pedras realmente representavam dinossauros? Isto depende de interpretação. Se elas realmente representam dinossauros e humanos juntos, o que é mais provável? Que elas sejam documentos históricos precisos, ou que elas sejam parte de uma fraude inteligente? À luz da falta de evidências corroborativas, uma pessoa razoável deve concluir que, ou as pedras são uma fraude, ou que receberam interpretações fantasiosas, ou ambos. A história de Cabrera não tem verossimilhança, nem mesmo tem charme. E a história certamente tem encontrado várias platéias que encontraram um nicho para as pedras em seus próprios sistemas de crenças. Não importa que os sistemas de crenças não apenas contradigam um ao outro, mas também sejam contrários à preponderância da evidência científica. Os criacionistas, mitohistoriadores e extraterrestrialistas estão em um jihad contra a crença na evolução, onde aparentemente é o dever de cada um fazer o absurdo parecer plausível. leituras adicionais Crédulos
Céticos
Stein, Gordon. Encyclopedia of Hoaxes (Prometheus, 1993). $86.00 |
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©copyright 1999 Robert Todd Carroll traduzido por |
Última
atualização: 2001-06-24 |