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Robert Todd Carroll

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negação do Holocausto e Nazismo (Nacional-Socialismo) 

Nazismo ('Nazi' é uma abreviação de Nationalsozialist) é o termo usado para descrever as doutrinas nacionalistas, anticomunistas e anti-semitas do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, do qual participavam Goering, Goebbels, Himmler e Adolf Hitler. Os nazistas governaram a Alemanha de 1933 a 1945, quando o país se rendeu e admitiu a derrota na guerra de agressão que havia desencadeado a Segunda Guerra Mundial. O partido nazista foi declarado ilegal na Alemanha desde então.

Os Nazistas pregavam a superioridade da raça Ariana dominante, liderada por um Führer (líder) infalível, que estabeleceria um Terceiro Reich pangermânico que duraria mil anos. Enquanto isso, aniquilaria os judeus e os comunistas, principais bodes expiatórios de todos os problemas da Alemanha. Milhões de judeus, poloneses, russos, ciganos, católicos, gays e deficientes físicos foram aprisionados em campos de concentração, onde morreram, foram executados, ou submetidos a experiências. Outros milhões foram usados em trabalhos forçados.

Atualmente, o termo 'nazista' é usado para designar qualquer pessoa que pratique ou ordene atos bárbaros. Usa-se para descrever aqueles que defendem o uso da força, inclusive do assassinato, contra diversos bodes expiatórios que culpam por seus problemas, sejam eles pessoais, da nação, ou do mundo. Incluídos na lista dos bodes expiatórios estão os homossexuais, negros, liberais, estrangeiros, muçulmanos, cristãos, judeus, árabes, entre outros.

O termo também é escolhido propositalmente para a auto-descrição de grupos de pessoas que encontram conforto e inspiração nos pensamentos e atitudes de Adolf Hitler. Essas pessoas não são perigosas por não entenderem os males do nazismo, mas sim por entenderem. Elas são parte de um número crescente de pessoas que pensam existir conspirações em todos os lugares, que podem explicar por que suas vidas são tão maçantes e destituídas de esperanças. São parte de uma massa crescente de pessoas que pensam ser superiores por possuírem um punhado de códigos genéticos. Sentem que deveriam ter um lugar especial na ordem das coisas, mas que isso lhes é negado devido à existência de uma conspiração para mantê-los na inferioridade e favorecer os fracos e indignos. Alguns desses neo-nazistas também prestam homenagem a Satanás e acreditam no ocultismo. No entanto, penso que seria um engano pensar que o ocultismo seja a raiz do neo-nazismo. A conexão causal não é forte.

É verdade, porém, que o nazismo tenha sido às vezes caracterizado por alguns céticos como algo que foi afetado significativamente por ocultistas em posições de liderança. Havia ocultistas em altos postos na Alemanha Nazista. Também existiam cristãos em postos elevados (e inferiores) na Alemanha Nazista. No entanto, encontrar um nexo causal entre ocultismo e nazismo é forçado. Pense em todos os ocultistas, cristãos e outros crentes no sobrenatural que ocuparam a Casa Branca recentemente. Seria Ronald Reagan outro Adolf Hitler, e Nancy Reagan outra Eva Braun? Seria o desperdício de tempo e dinheiro pela CIA com espiões paranormais uma prova de que a democracia nos EUA estaria no fim? Acho que são contundentes as provas históricas de que a crença no oculto, no sobrenatural, no paranormal e no pseudocientífico não conhecem fronteiras políticas. Assim como não as conhece o ódio racial.

Chama-se de Holocausto ao tratamento desumano que os judeus sofreram nas mãos dos nazistas, e que tornou-se um símbolo do mal em nossos tempos. Como vários símbolos, o Holocausto tornou-se sagrado. Para muitas pessoas, tanto judeus como não-judeus, ele simboliza o horror do genocídio contra os judeus. Alguns anti-semitas modernos descobriram que atacar o Holocausto causa tanto sofrimento para alguns judeus quanto atacar aos próprios. O termo usado para o ataque a qualquer aspecto da simbologia ou da mitologia do Holocausto é "Negação do Holocausto". Parece ser esta a principal motivação do Instituto para Revisão Histórica e seu Journal of Historical Review, que desde 1980 vem publicando artigos atacando a exatidão de uma ou outra alegação sobre o Holocausto. Isso mesmo: uma revista "histórica" dedicada quase que exclusivamente à questão de fazer o Holocausto parecer um exagero de historiadores tendenciosos. Esse instituto foi fundado em 1978 e alega ser um "centro de pesquisa, educação e publicação dedicado à verdade e exatidão na história." Se a verdade e a precisão histórica fossem os únicos objetivos desse grupo, duvido que fosse causar tanta controvérsia. No entanto, parece que seus promotores estão mais preocupados com o preconceito que com a verdade. Assim, mesmo as inexatidões que corretamente identificam são recebidas com desdém e escárnio. Afinal, eles nunca tratam da questão principal do Holocausto. Tratam de números: teriam sido 6 milhões, ou 4 milhões, ou 2 milhões os judeus que morreram ou foram mortos? Tratam de questões técnicas: esse chuveiro poderia ter sido usado como uma câmara de gás? Essas mortes foram devidas a causas naturais ou não? Hitler emitiu uma ordem para a Solução Final ou não? Se emitiu, onde está ela? Não estou dizendo que essas não sejam questões legítimas, nem estou dizendo que essas perguntas deveriam ser encaradas como tabu. O que afirmo é que os que negam o Holocausto não tratam das questões referentes às leis raciais que levaram à prisão e encarceramento de milhões de judeus em vários países pelo crime da "raça". Não se preocupam com a política de aglomerar pessoas como animais e transportá-las para "campos", onde os que não morriam por doenças eram levados a morrer à míngua ou eram assassinados, ou se tivessem "sorte" sobreviviam para executar trabalhos forçados. Não tocam no assunto das questões morais da experimentação médica em seres humanos, ou da perseguição dos homossexuais e dos enfermos. Por que?

Michael Shermer dedica dois capítulos do livro Why People Believe Weird Things [Por que as Pessoas Acreditam em Coisas Estranhas] (1997) aos argumentos dos negadores do Holocausto. (Em Denying History: Who Says the Holocaust Never Happened and Why Do They Say It? [Quem Diz Que o Holocausto Nunca Aconteceu e Por Que o Dizem?] [2000] Shermer e o co-autor Alex Grobman dedicam nove capítulos ao assunto.) Trata de vários dos argumentos deles e os refuta um a um. Por exemplo, um dos apelos favoritos dos negadores do Holocausto e exigir alguma prova de que Hitler teria dado a ordem para o extermínio dos judeus (ou dos retardados mentais, doentes mentais e deficientes físicos). Os negadores do Holocausto usam as anotações telefônicas de Himmler em 30 de novembro de 1941 como prova de que não deveria haver nenhuma eliminação dos judeus. A nota verdadeira diz: "transporte judeu partindo de Berlim. Sem liquidação." O que quer que a nota quisesse dizer, não significava que Hitler não queria que os judeus fossem liquidados. O transporte em questão, a propósito, foi liquidado naquela tarde. Em todo caso, se Hitler ordenou que não houvesse nenhuma eliminação no transporte de Berlim, então elas estavam ocorrendo e ele sabia disso. As intenções de Hitler tornaram-se públicas em seus primeiros discursos. Mesmo enquanto seu regime estava sendo destruído, Hitler proclamava: "Contra os judeus lutei de olhos abertos e à vista do mundo inteiro.... Tornei claro que eles, essa praga parasita da Europa, seriam finalmente exterminados," Hitler certa vez comparou os judeus aos bacilos da tuberculose que haviam infestado a Europa. Não considerava cruel matá-los se não se dispusessem ou não pudessem trabalhar. Afirmou: "Isso não é cruel se for lembrado que mesmo criaturas inocentes da natureza, como lebres e veados, quando infectadas, precisam ser mortas para que não possam trazer dano a outras. Por que as bestas que queriam trazer o Bolchevismo deveriam ser mais poupadas que aquelas criaturas inocentes?"

No meu ponto de vista, no entanto, a comunidade racista não acredita em suas falsas idéias a respeito do Holocausto por nenhuma das razões para crenças estranhas enumeradas por Shermer. Elas acreditam porque tais crenças trazem poder. Fazem com que a pessoa se sinta superior e permitem que o mal seja racionalizado como bom. Afinal, muitas crenças estranhas são crenças de grupos, não de indivíduos isolados. Compreender a dinâmica das crenças sociais não é uma tarefa fácil, e certamente vai além do wishful thiking e da preguiça. Os negadores do Holocausto alimentam-se uns aos outros do anti-semitismo. Mas o que teria dado origem a seu ódio pelos judeus? O ressentimento e a projeção de suas próprias falhas numa outra raça? Talvez. Esse foi o argumento de Sartre, seguindo a pista de Nietzsche, em O Anti-Semita e o Judeu. O negador do Holocausto parece basear-se na vontade de acreditar porque a crença se encaixa nos preconceitos do crente.

Veja verbete relacionado sobre os Protocolos dos Sábios do Sião.


leitura adicional

Lipstadt, Deborah. Denying the Holocaust: the Growing Assault on Truth and Memory (Plumsock MesoAmerican Studies, 1994).

Segel, B. W. A Lie and a Libel: the History of the Protocols of the Elders of Zion, Richard S. Levy, tradutor & editor, (Lincoln, NE : University of Nebraska Press, 1995).

Shermer, Michael e Alex Grobman. Denying History : Who Says the Holocaust Never Happened and Why Do They Say It?  (University of California Press, 2000).

Shermer, Michael. Why People Believe Weird Things: Pseudoscience, Superstition, and Other Confusions of Our Time , caps.. 13 e 14  (W H Freeman & Co.: 1997).

©copyright 2002
Robert Todd Carroll

traduzido por
Ronaldo Cordeiro

Última atualização: 2003-01-18

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