![]() Robert Todd Carroll
15 Respostas para Bobagens Criacionistas - da Scientific American Nem toda a verdade - de Roger Downey ou Ícones da Evolução vs. Evolução (ou Discovery Institute vs. PBS) 16-22 de maio de 2002 Painel Científico não inclui debate sobre evolução - Padrões educacionais de Ohio não mencionam o design inteligente de Reginald Fields Ohio surge como próximo campo de batalha para o debate sobre a evolução nas escolas de Kate Beem Darwinismo sob Ataque - Idéia de que uma 'força inteligente' teria moldado a vida atrai alunos e preocupa cientistas - de Beth McMurtrie, Chronicle of Higher Education 12/21/2001 O volume 8 no. 4 de 2001 da Skeptic magazine tem vários artigos e resenhas de livros sobre o intelligent design. Vale a pena ler.
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design inteligente (DI) - [projeto inteligente, planejamento inteligente ou intelligent design]
Design Inteligente (DI) é a teoria segundo a qual causas inteligentes seriam responsáveis pela origem do universo e da vida, em toda a sua diversidade.* Os defensores do DI sustentam que sua teoria é científica e que oferece provas empíricas da existência de Deus ou de alienígenas superinteligentes. Acreditam que o design seja detectável empiricamente na natureza e em sistemas vivos. Alegam que o Design Inteligente deveria ser ensinado nas aulas de ciências por ser uma alternativa à teoria científica da seleção natural. Os argumentos do DI parecem ser os argumentos criacionistas requentados, mas seus defensores alegam não rejeitar a evolução apenas por ela não ser compatível com seu entendimento da Bíblia. No entanto, apresentam a seleção natural como algo que implicaria que o universo não pudesse ter sido projetado ou criado, o que não faz sentido. Negar que Deus tenha o poder de criar seres vivos usando a seleção natural é afirmar algo que não pode ser conhecido. É também incompatível com a crença num Criador onipotente. Um dos primeiros a defender o DI foi o professor de direito da Universidade de Berkeley Philip E. Johnson, que parece ter entendido de forma completamente equivocada a teoria da seleção natural de Darwin como se implicasse em que (1) Deus não existe, (2) que a seleção natural somente poderia ter acontecido aleatoriamente e por acaso e (3) o que quer que aconteça aleatoriamente e por acaso não pode ter sido projetado por Deus. Nenhuma dessas crenças é essencial para a seleção natural. Não há nenhuma incompatibilidade em se acreditar em Deus como o Criador do universo e em seleção natural. A seleção natural poderia ter sido planejada por Deus. Ou poderia ter acontecido mesmo se deus não existisse. Assim, a primeira das várias falácias cometidas pelos defensores do DI é a do falso dilema. A escolha não é entre a seleção natural e o projeto de Deus ou outras criaturas superinteligentes. Deus poderia ter projetado o universo para que produzisse vida através de eventos aleatórios segundo leis da natureza. Deus poderia ter criado alienígenas superinteligentes que fazem experiências com seleção natural. Alienígenas superinteligentes poderiam ter evoluído através da seleção natural e então introduzido o processo no nosso planeta. Pode ser que haja outra teoria científica que explique os seres vivos e seus ecossistemas melhor que a seleção natural (ou o design inteligente). As possibilidades podem não ser infinitas, mas certamente são maiores que as duas consideradas pelos defensores do DI. Dois dos cientistas mais freqüentemente citados pelos defensores do DI são Michael Behe, autor de Darwin's Black Box [A Caixa Preta de Darwin] (The Free Press, 1996), e William Dembski, autor de Intelligent Design: The Bridge between Science and Theology [Design Inteligente: A Ponte entre a Ciência e a Teologia] (Cambridge University Press, 1998). Dembski e Behe são membros do Discovery Institute, um instituto de pesquisas de Seattle patrocinado em grande parte por fundações cristãs. Seus argumentos são sedutores por serem expressos em termos científicos e respaldados por competência científica. No entanto, esses argumentos são idênticos em função aos dos criacionistas: em vez de oferecerem indícios positivos para sua posição, tentam principalmente encontrar fraquezas na seleção natural. Como observado anteriormente, no entanto, mesmo se seus argumentos fossem bem sucedidos contra a seleção natural, não tornariam o DI mais provável. Behe é professor associado de bioquímica na Universidade de Lehigh. Seu questionamento não é essencialmente sobre se a evolução ocorreu, mas como teria de ter ocorrido. Alega querer ver "verdadeiras pesquisas laboratoriais sobre a questão do design inteligente"* Esse desejo denuncia sua indiferença em relação à distinção entre ciência/metafísica. Não há nenhuma experiência de laboratório relevante para se determinar se Deus existe. De qualquer forma, Behe alega que a bioquímica revela um mundo celular de moléculas tão precisamente ajustadas e de complexidade tão assombrosa que não só é inexplicável através da evolução, mas que somente pode ser explicado de forma plausível assumindo-se um projetista inteligente, ou seja, Deus. Alguns sistemas, pensa ele, não podem ser produzidos por seleção natural porque "qualquer precursor de um sistema irredutivelmente complexo ao qual falte uma parte é, por definição, não funcional (39)." Afirma que a ratoeira é um exemplo de sistema irredutivelmente complexo, isto é, todas as partes precisam estar em ordem para que a ratoeira funcione. Em resumo, Behe apresenta uma velha idéia numa roupagem nova: o argumento do design embrulhado em bioquímica. Seus argumentos não são mais científicos que qualquer outra variação do argumento do design. Na verdade, a maioria dos cientistas, inclusive os que são cristãos, acham que Behe deveria parar de se auto-promover. Como em todos os argumentos desse tipo, os de Behe representam uma petição de princípio. Ele precisa assumir que houve planejamento para provar a existência do planejador. O consenso geral parece ser de que Behe seja bom cientista e escritor, mas mau metafísico. Seus argumentos se restringem à idéia dos "sistemas irredutivelmente complexos," sistemas que não poderiam funcionar caso faltasse apenas uma de suas várias partes. "Sistemas irredutivelmente complexos... não podem evoluir de uma maneira Darwiniana," afirma, porque a seleção natural opera em pequenas mutações sobre apenas um componente por vez. Salta então para a conclusão de que o design inteligente deva ser responsável por esses sistemas irredutivelmente complexos. O professor de biologia (e cristão) Kenneth Miller responde:
O professor Bartelt escreve
H. Allen Orr escreve:
Concluindo, o argumento de Behe assume que a seleção natural jamais será capaz de explicar nada que não possa explicar agora. Isso é raciocínio circular. Na verdade, algumas das coisas que Behe e outros defensores do DI alegaram não ser possível explicar através da seleção natural foram, de fato, explicadas pela seleção natural. Dembski William Dembski (Intelligent Design: The Bridge between Science and Theology [Design Inteligente: A Ponte entre a Ciência e a Teologia], 1998) é professor da Universidade de Baylor. Alega poder provar que a vida e o universo não poderiam ter acontecido por acaso e por processos naturais. Logo, devem ter sido resultado do projeto inteligente de Deus. Também afirma que "a solidez conceitual de uma teoria científica não pode se sustentar distanciada de Cristo (209)," alegação que revela sua predisposição metafísica. Segundo o físico Vic Stenger em "The Emperor's New Designer Clothes [As Novas Vestes de Designer do Imperador]," Dembski usa a matemática para chegar ao que chama de a lei da conservação da informação. "Ele alega que a informação contida em estruturas vivas não pode ser gerada por qualquer combinação do acaso com processos naturais.... A lei de Dembski da conservação da informação não é nada mais que a "conservação da entropia," um caso especial da segunda lei [da termodinâmica] que se aplica quando não está presente nenhum processo dissipativo, como o atrito." No entanto, o fato é que "a entropia é criada naturalmente milhares de vezes por dia por cada pessoa na Terra. Toda vez que se gera qualquer atrito, perde-se informação." pseudociência O DI não é uma teoria científica e não é uma alternativa à seleção natural ou qualquer outra teoria científica. O universo nos pareceria o mesmo se fosse projetado por Deus ou não. Teorias empíricas tratam de como o mundo se apresenta para nós e não têm a função de postular por que o mundo aparenta ser assim, ou que o mundo deve ter sido projetado em virtude do quão improvável é que isso ou aquilo tenha acontecido por acaso. Esse papel é da metafísica. O DI não é uma teoria científica, e sim metafísica. O fato de ter conteúdo empírico não a torna mais científica que, digamos, a metafísica de Spinoza ou a assim denominada ciência da criação. O DI é pseudociência porque alega ser científico, quando na verdade é metafísico. Baseia-se em diversas confusões filosóficas, não sendo a menor delas a idéia de que tudo o que é empírico é necessariamente científico. Isso é falso, se por 'empírico' se quiser dizer tendo origem ou baseado em observação ou experiência. Teorias empíricas podem ser ou não científicas.. A teoria de Freud do complexo de Édipo é empírica, mas não científica. A teoria de Jung do inconsciente coletivo é empírica, mas não científica. O criacionismo bíblico é empírico mas não científico. A poesia pode ser empírica, mas não científica. Por outro lado, se por 'empírico' entender-se como passível de verificação ou refutação através de observação ou experimentação, o DI não é empírico. Não se pode provar ou contestar, através de nenhum conjunto de observações, que nem a Natureza como um todo, nem um ecossistema individual, foram projetados inteligentemente ou não-inteligentemente. Uma teria de design e uma teoria de leis naturais, que não faça nenhuma referência a design, podem explicar ecossistemas individuais e a Natureza como um todo. A ciência realmente tem alguns pressupostos metafísicos, não sendo o menor deles o de que o universo segue leis. Mas a ciência deixa em aberto a questão de se essas leis foram planejadas. Isso é uma questão metafísica. Acreditar que o universo, ou alguma parte dele, foi ou não planejado, não ajuda a entender como ele funciona. Se uma questão empírica for respondida com "porque Deus [ou alienígenas superinteligentes, indetectáveis] assim o fez", então abandonou-se o mundo da ciência e adentrou-se no mundo da metafísica. Naturalmente, cientistas têm crenças metafísicas, mas essas crenças são irrelevantes para as explicações científicas. A ciência é aberta, tanto para os teístas quanto para os ateístas. Se admitirmos que o universo seja possivelmente ou mesmo provavelmente resultado de um projeto inteligente, qual será o próximo passo? Por exemplo, assuma-se que um determinado ecossistema seja criação de um projetista inteligente. A não ser que esse projetista seja um de nós, ou seja, humano, e a não ser que tenhamos alguma experiência com as criações desse e de semelhantes projetistas, como poderíamos prosseguir no estudo desse sistema? Se todos soubermos que ele é resultado de DI, mas que o projetista é de uma ordem de existência diferente da nossa, como nos aprofundaríamos no estudo desse sistema? Não estaríamos limitados a sempre reagir da mesma forma a qualquer pergunta que fizéssemos sobre a relação do sistema com seu projetista? É assim em virtude do DI. Além disso, não teríamos que assumir que como Deus, o projetista inteligente, planejou tudo, inclusive a nós, qualquer coisa que aconteça é sinal e conseqüência do projeto inteligente? A teoria explica tudo, mas não ilumina nada. Os proponentes do DI travam uma batalha que foi perdida no século 17: a batalha para entender a Natureza em termos de causas finais e causas eficientes. Antes do século 17 não havia nenhum conflito essencial entre uma visão mecanicista da Natureza e uma visão teleológica, entre uma visão naturalista e uma visão sobrenaturalista da Natureza. Com a notável exceção de Leibniz e seus descendentes intelectuais, praticamente todos abandonaram a idéia de que explicações científicas precisassem incluir explicações teológicas. O progresso científico tornou-se possível em parte porque os cientistas tentaram descrever o funcionamento dos fenômenos naturais sem fazer referência a sua criação, projeto ou propósito final. Deus poderia muito bem ter criado o universo e as leis naturais, mas criou a Natureza como uma máquina, mecanicamente em mudança e compreensível como tal. Deus tornou-se uma hipótese desnecessária. Veja verbetes relacionados sobre ateísmo, o argumento do design, criacionismo, navalha de Occam e teísmo. leitura adicional
Uma lista de artigos científico que refutam Behe podem ser encontrados em Publique ou Morra - Alguns Trabalhos Publicados sobre Evolução Bioquímica. Há numerosas críticas às alegações de Behe disponíveis na Internet. Eis uma lista parcial::
Há várias refutações dos trabalhos de Dembski na Internet:
Arnhart, Larry. "Evolution and the New Creationism - a Proposal for Compromise," Skeptic Vol. 8 No. 4, 2001, pp. 46-52. Barlow, Connie. The Ghosts of Evolution (Basic Books, 2001). Gould, Stephen Jay. Ever Since Darwin (New York: W.W. Norton & Company, 1979). Larson, Edward. Evolution: The Remarkable History of a Scientific Theory (Modern Library 2004). Marzano, Robert J. "When Two Worldviews Collide," in Educational Leadership. December 1993/January 1994.Volume 51. Number 4. Trotman, Clive. (2004). The Feathered Onion: Creation of Life in the Universe. Wiley & Sons. |
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Última
atualização: 2005-02-02 |