sd.gif (2133 bytes)
Robert Todd Carroll

 the truth is in here!
Dicionário Céptico

Busca no Dicionário Céptico




Busca Avançada

vertline.gif (1078 bytes)

apofenia

Há atualmente um controvertido debate a respeito de se experiências incomuns são sintomas de um distúrbio mental, se distúrbios mentais são uma conseqüência de tais experiências, ou se pessoas com distúrbios mentais são especialmente suscetíveis a elas, ou mesmo se procuram por elas. -- Dra. Martina Belz-Merk 

Apofenia é a percepção espontânea de conexões e significância de fenômenos que não possuem relação entre si. O termo foi cunhado por K. Conrad em 1958 (Brugger).

Peter Brugger, do Departamento de Neurologia do Hospital Universitário de Zurich, dá exemplos de apofenia tirados do Occult Diary (Diário Oculto) de August Strindberg, a descrição pelo próprio dramaturgo de seu surto psicótico:

Ele viu "duas insígnias de bruxas, o chifre de bode e a vassoura" em uma rocha e imaginou "que demônio os teria colocado lá ... exatamente ali e no meu caminho exatamente nesta manhã." Um prédio então se pareceu como um forno e ele pensou no Inferno de Dante.

Ele vê pedaços de pau no chão e os enxerga como se formassem letras gregas, que interpreta como a abreviatura do nome de um homem, e sente que agora sabe que este homem é aquele que o está perseguindo. Vê pedaços de pau no fundo de um cesto e tem certeza de que formam um pentagrama.

Ele vê minúsculas mãos em oração quando observa uma noz num microscópio, e isso "me encheu de horror".

Seu travesseiro amarrotado parece "uma cabeça de mármore ao estilo de Michelângelo." Strindberg comenta que "essas ocorrências não poderiam ser consideradas acidentais porque em alguns dias o travesseiro apresentava a aparência de monstros horríveis, de gárgulas góticas, de dragões, e certa noite... Eu fui saudado pelo Maligno em pessoa..."

Segundo Brugger, "A propensão para ver conexões entre objetos ou idéias que aparentemente não têm relação entre si é o que mais assemelha a psicose com a criatividade... a apofenia e a criatividade podem até ser vistas como dois lados da mesma moeda." Algumas das pessoas mais criativas do mundo então devem ser os psicanalistas e terapeutas que usam testes projetivos como o teste de Rorschach ou que vêem padrões de abuso de crianças por trás de todo tipo de problemas emocionais. Brugger observa que um analista pensou que tinha apoio para a teoria da inveja do pênis porque mais mulheres do que homens deixavam de devolver os lápis após um teste. Outro gastou nove páginas de um jornal de prestígio descrevendo como as fendas na calçada são vaginas e os pés são pênis, e que o velho ditado sobre não pisar nas fendas é na verdade uma advertência para se manter longe do órgão sexual feminino.

Nas estatísticas, a apofenia é chamada de um Erro do tipo I, enxergar padrões onde na verdade, não existe nenhum. É altamente provável que a significância aparente de muitas experiências e fenômenos incomuns seja devida à apofenia, por exemplo, FVE, numerologia, o código da Bíblia, cognição anômala, "acertos" no Ganzfeld, a maioria das formas de adivinhação, as profecias de Nostradamus, visão remota, e vários outros fenômenos e experiências paranormais e sobrenaturais.

Veja verbetes relacionados sobre pareidolia (interpretação projetiva) e sincronicidade.


leitura adicional

Brugger, Peter. "From Haunted Brain to Haunted Science: A Cognitive Neuroscience View of Paranormal and Pseudoscientific Thought," [Do Cérebro Assombrado à Ciência Assombrada: Uma Visão da Neurociência Cognitiva sobre o Pensamento Paranormal e Pseudocientífico] que deverá aparecer em Spirited Exchanges: Multidisciplinary Perspectives on Hauntings and Poltergeists editado por J. Houran e R. Lange (a ser publicado por Praeger).

Leonard, Dirk M.A. e Peter Brugger, Ph.D. "Creative, Paranormal, and Delusional Thought: A Consequence of Right Hemisphere Semantic Activation?" [Pensamento Criativo, Paranormal e Ilusório: Uma Conseqüência da Ativação Semântica do Hemisfério Direito?] Neuropsychiatry, Neuropsychology, and Behavioral Neurology, 1998, Vol. 11, No. 4 pp. 177-183. 

©copyright 1999
Robert Todd Carrol

traduzido por
Ronaldo Cordeiro

Última atualização: 2001-06-24

Índice